Sobre a filiação do ex-vice-governador do Amazonas ao Partido dos Trabalhadores

Publico novamente meu artigo, em razão da reunião de hoje da executiva estadual do PT que irá validar ou não a filiação do ex-vice governador do Amazonas ao partido.
Minha posição é clara: sou contra a filiação desse indivíduo.

Faz alguns anos que o PT vem negligenciando sua história naquilo que se refere aos seus princípios de fundação, notadamente à busca do socialismo e de se tornar um partido instrumento dos trabalhadores.

Não insiro nesta perda de perspectiva os governos petistas, que têm que fazer uma ginástica olímpica para se desenrolar das estruturas políticas impostas pela história de dominação oligárquica do Brasil. Me refiro, exclusivamente, sobre o PT enquanto organização partidária.

Vejamos o que diz o Artigo 1⁰ do estatuto do partido

Art. 1º. O Partido dos Trabalhadores (PT) é uma associação voluntária de cidadãos e cidadãs que se
propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a
dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático.

Pronto. Vou direto ao que me proponho neste texto.

A filiação do ex-vice-governador do Amazonas ao Partido dos Trabalhadores é uma entrada de descompasso com o que se propõe o partido, por se tratar de um indivíduo sem qualquer compromisso com a luta pelas transformações descritas no seu regulamento.

É até risível querer que um indivíduo com a breve história política do ex-vice-governador tenha alguma coisa a ver com o artigo primeiro do estatuto do PT.

O que esse indivíduo construiu em pouquíssimo tempo foi a desonra e a falta de dever com o povo do Amazonas. Sua escolha por se filiar ao PT é um ato de puro oportunismo político, tão desonroso quanto sua conduta quando exerceu a função de vice-governador.

Vejamos agora um trecho do Manifesto de Fundação do partido.

“O Partido dos Trabalhadores nasce da vontade de independência política dos trabalhadores, já cansados de servir de massa de manobra para os políticos e os partidos comprometidos com a manutenção da atual ordem econômica, social e política.”

É justamente de políticos como o ex-vice-governador que o manifesto se refere. Trata-se de um agente comprometido com as velhas estruturas políticas de quando o documento foi escrito, em 1980, e o país ainda vivia sob a ditadura militar.

O PT não pode aceitar tamanha violência à sua história. É preciso corrigir esse malfeito e impugnar a filiação desse “estranho no ninho”.

O Partido dos Trabalhadores precisa sim é de um reencontro com seus seus princípios fundadores e valorizar sua militância aguerrida e ideológica, composta de gente do povo e do chão de fábrica. É assim que se fará um partido imprescindível na construção do socialismo democrático.

Lúcio Carril
Sociólogo

By Portal Arrasta pra cima

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