Comemorado neste domingo (15/10), o Dia do Professor é uma oportunidade de contar e valorizar as histórias dos profissionais da educação que atuam na ponta do maior palco de ensino e aprendizagem na vida de um estudante: a sala de aula. Com quase 25 mil professores em seu quadro, a Secretaria de Estado e Desporto Escolar enfatiza a relevância deste profissional, que é um dos pilares da sociedade.
E foi com a visão de que a educação representa transformação na vida das pessoas, que o parintinense Rosenilson Gama decidiu que exerceria a docência e hoje leciona Geografia.
A decisão, que ganhou força após Rosenilson ver um primo da família se tornar professor, possibilitou o desenvolvimento, desde 2019, de um projeto que muda a realidade dos alunos ribeirinhos, quilombolas e indígenas da etnia Sateré-Mawé, da Escola Estadual (EE) Professora Maria Belém, localizada no município de Barreirinha (distante 331 quilômetros de Manaus).
Após perceber que estes alunos tinham um índice elevado de evasão escolar, o professor arquitetou dinâmicas de socialização, que reverteram o quadro de frequência dos estudantes. O projeto “Prática de Campo: Sonhos e Possibilidades”, por meio de gincanas educativas, trilhas ecológicas e o contato com a natureza, não convenceu apenas os discentes, mas também os jurados do “Prêmio LED – Luz na Educação”, organizado pela Rede Globo e a Fundação Roberto Marinho.
Com o objetivo de promover e engajar transformações que aceleram novas formas de ensinar e aprender em todo o Brasil, o Prêmio LED 2023 definiu a iniciativa do professor Rosenilson como uma das campeãs. Mais de 2 mil projetos foram analisados durante todo o processo e o reconhecimento veio em rede nacional, com o anúncio ao vivo realizado em um programa especial, na TV Globo.
“Aprendi sobre Educação com meus pais. Mesmo com eles estudando somente até o 4º ano (Ensino Fundamental 1), sempre me fizeram entender que a Educação era o principal caminho para superar dificuldades. Aprendi a ler com 12 anos. O que trago para a docência são os desafios de uma realidade tão complexa quanto a nossa Amazônia”, contou o professor.
Transformação
Na docência desde 2008, a trajetória de amor pela educação da professora Tatiane Figueiredo, que leciona Física, começou bem antes dela decidir largar um emprego fixo e rentável, em troca de buscar o sonho de ser educadora. Enquanto técnica de manutenção no setor da indústria, Tatiane disse ter postergado os gostos por tecnologia e pelas disciplinas de exatas, pontos principais de interesse dela desde quando era aluna, do Ensino Médio, da Escola Estadual Presidente Castelo Branco, no São Jorge, zona oeste de Manaus.
Já na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e cursando Física, Tatiane confirmou, após assumir o papel de professora substituta em uma atividade da graduação, o amor pela profissão. Hoje, com 14 anos de docência, Tatiane trabalha com aquilo que sonhava no Ensino Médio: tecnologia e Física. Professora na Escola Estadual de Tempo Integral (Eeti) Petrônio Portella, Tatiane Figueiredo participa de dois projetos desenvolvidos no Espaço Maker da unidade de ensino, inaugurado no último ano pelo governador Wilson Lima.
Medalhista de ouro na última edição da 41ª Mostra Brasileira de Foguetes (MobFog), como professora-orientadora dos estudantes, Tatiane também foi uma das representações civis do Amazonas em evento nacional do Ministério da Educação (MEC), em Brasília, durante o lançamento oficial da Estratégia Nacional Escolas Conectadas, em setembro deste ano.
Acompanhada da estudante Manuela Herculano, 17, sua aluno no Eeti Petrônio Portella, as duas tiveram esta oportunidade por conta do projeto “Robótica Sustentável”, desenvolvido pela professora no Espaço Maker, com a produção, por meio de impressora 3D, de protótipos e objetos a partir de materiais reciclados.
“A Educação me proporciona, diariamente, a oportunidade de me tornar uma pessoa melhor. Por meio dela, alcancei todas as minhas maiores conquistas pessoais e profissionais. Tenho plena consciência do impacto que minha profissão exerce nos alunos, nas famílias”, declarou a professora.
Representatividade
Durante a vida escolar, um exemplo positivo pode se tornar uma experiência que define futuro para aqueles que “vivem a sala de aula”. Esse foi o caso da professora Maria Tereza Uchôa que, ainda criança, na EE Padre Agostinho Martin, no São Francisco, zona sul da cidade, conheceu a professora Dolores. A experiência moldou a futura professora, que hoje já tem mais de 30 anos de docência, dos quais os últimos 16 foram dedicados à Educação Especial, na EE Augusto Carneiro dos Santos, zona sul de Manaus.
“A professora Dolores marcou minha vida. Eu adorava a presença dela, as atividades de recortes, a forma como ela cuidava das crianças. Na época, até na minha casa ela chegou a ir, quando fiquei doente”, compartilhou Maria Tereza.
O bom exemplo plantado germinou anos depois, mas não chegou a ser uma surpresa. Isso porque, de acordo com a professora, exercer a docência sempre passou pelo imaginário.
“Aquela experiência me marcou e fiquei com aquilo. Já no meu Ensino Médio, tive uma experiência com a alfabetização de crianças e me apaixonei. Ali, decidi que seria professora”, enfatizou a docente.
Na EE Augusto Carneiro dos Santos, a professora Maria Tereza Uchôa desenvolve, há 5 anos, um projeto literário para os estudantes surdos e surdos-cegos da unidade de ensino, que é focado na Educação Especial. Em 2023, o tema da edição foi a lenda do boto cor-de-rosa. Desde o início do ano, utilizando a sala de leitura da escola, a docente leciona para mais de 25 alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
A culminância do projeto acontece em uma festa cultural, com a presença dos professores, estudantes e familiares. Eles acompanham apresentações de música e dança, que são pautadas pelo tema da edição.
A Educação de acordo com eles
Para aqueles que dedicam a vida à educação, mensurar a importância do tema deveria ser um exercício diário realizado por toda a sociedade, conforme o professor Rosenilson Gama. Segundo ele, a Educação é uma multiplicadora de caminhos: “Ela nos permite ter paixão, habilidade de comunicação, empatia, criatividade, constante atualização, flexibilidade e também o pensamento crítico”, ressaltou o docente.
Já para a professora Tatiane Figueiredo, Educação também é zelo.
“Na Educação, tudo está em movimento e transformação, tanto nas demandas estruturais, quanto nas emocionais. Por isso, é necessário que toda a sociedade e os órgãos de gestão pública mantenham-se vigilantes nesse processo dinâmico”, enfatizou a professora de Física.
E para quem viveu intensamente a Educação, desde a paixão, no Jardim de Infância, até hoje, após 30 anos de docência, a resposta da professora Maria Tereza Uchôa não poderia ser outra. “É tudo, a educação é tudo”, finalizou a professora.
Agência Amazonas de Notícias