O HTLV, vírus linfotrópico de células T humanas, é um vírus pouco conhecido pela população geral. Descoberto na década de 1980, trata-se de um retrovírus da mesma família do HIV e é uma infecção sexualmente transmissível, que pode ser transmitida via relação sexual sem o uso de camisinha. A Organização Mundial da Saúde estima que entre 5 e 10 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas pelo vírus. No Brasil, o número estimado é de 800 mil infecções. O dia 10 de novembro é marcado como o Dia Mundial do HTLV, quando se intensificam ações de conscientização sobre a infecção.
Para marcar a data e promover o debate sobre o tema, o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde promoveram uma miniconferência intitulada “Políticas Públicas direcionadas ao HTLV” durante a 17ª ExpoEpi. A consultora técnica da Coordenação-Geral de Vigilância em ISTs do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs, Mayra Aragon, foi a palestrante da atividade.
Ela destacou que a infecção não tem cura, mas que o SUS promove todos os cuidados às doenças que acometem em particular mulheres negras e com menor escolaridade. Além disso, destacou que, por ser uma IST, é necessário incluir os cuidados na lista de outras demandas. No último dia 31, a Conitec deu parecer favorável à inclusão da testagem universal para HTLV entre os exames para gestantes no Brasil. O relatório está em consulta pública.
Durante a iniciativa, foi afirmado que a pasta, a OPAS e a sociedade civil têm ampliado o debate sobre o tema. Em 2021, o MS publicou o Guia do Manejo para a infecção pelo HTLV com o objetivo de orientar equipes e serviços de saúde. Mais recentemente, o Comitê Interministerial para a Eliminação de Doenças Determinadas Socialmente Incluiu a infecção na lista de infecções cuja transmissão vertical será eliminada como problema de saúde pública. Até o ano que vem, o HTLV será incluído no Guia para Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical no Brasil. Em 2023, a novidade foi a inclusão da hepatite B e da doença de Chagas.
De acordo com a oficial nacional da OPAS/OMS, há total convergência das agendas internacional com a brasileira. “Nosso papel é apoiar vocês e divulgar a experiências de vocês para alcançarmos as metas nas américas”, comentou Akemi Kamimura.
Após a explanação, os participantes puderam tirar dúvidas e fazer sugestões para contribuir com as ações do Ministério da Saúde. O enfermeiro da Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas, Sediel Ambrósio, atua no Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Solimões e sugeriu materiais específicos para populações indígenas. De acordo com ele, a questão cultural deve ser considerada para facilitar o acesso aos serviços de saúde mesmo a populações indígenas.
Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis