Ademir Ramos *
No calor das festas de final de ano, quando a grande imprensa encontra-se ressentida, sem noticiário político, o deputado Amom Mandel (Cidadania) fez uma declaração bombásticas aos seus eleitores presentes na mídia social dizendo “eu não quero ser candidato e não sou candidato hoje à prefeitura de Manaus”.
De imediato, candidatos e seus escudeiros de plantão sem se perceber foram usados como parte da inteligência das mídias sociais para ampliar a declaração do jovem deputado, dando ressonância à sua voz e sentimento movido pelo princípio do pertencimento que move os eleitores numa determinada comunidade virtual.
Desconhecemos o contexto de tal declaração, no entanto, a fala está conectada com o futuro político do deputado Amom, que sem se lançar candidato de si mesmo, é o cabeça de chapa da oposição a fazer frente ao prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).
Nesse tiktok da política, a ousadia do Amom ganhou coro nas redes sociais graças a “chapa branca” direcionada da imprensa tradicional, que não modulou ainda suas ondas em consonância com a dinâmica das plataformas pautadas na reciprocidade.
Só sei dizer que a fala do deputado finaliza com um grande apelo ao seu eleitorado, “quero te pedir para colocar aqui sua sugestão, opinião ou dúvida sobre o nosso futuro político (…), continue fazendo parte de nosso mandato”.
O deputado Amom é parte de um todo nas redes sociais, o que se convencionou chamar de comunidade. Assim sendo, desperta nos seus seguidores, amigos e eleitores um sentimento de pertença e de identidade, autorizando, dessa feita, o consentimento e a legitimidade para concorrer no processo eleitoral à prefeitura de Manaus sem desqualificar o mandato de deputado federal que o povo do Amazonas lhe delegou nas últimas eleições.
Se o deputado Amom será candidato a prefeito de Manaus também não sei. O que compreendo e sei muito bem é que o seu capital eleitoral está resguardado podendo multiplicar muito mais sob o controle subjetivo e estruturante de uma campanha política pautada na qualificação dos meios na perspectiva de se garantir como um dos protagonistas nas próximas eleições com a ousadia dos jovens e a inteligência dos magos da política e então veremos se tal feito será consumado.
(*) Professor, antropólogo e coordenador do Núcleo de Cultura Política do Amazonas, do Dpto. de Ciências Sociais da UFAM.