Por Carlos Santiago*
Depois de completar 57 anos de idade e ter formação acadêmica em Sociologia, em Direito, em Design/Marketing/Propaganda e em Ciência Política, além de contar com experiência no exercício da docência na Educação Básica e no Ensino Superior, o meu estágio na área de Licenciatura em Filosofia será mais um encontro de vidas, de culturas, de histórias, de conhecimentos e de sonhos.
Encontrar novos tempos, velhos problemas e atuais desafios impostos pelo mundo. Assim, preparo o corpo e a mente para estagiar numa escola pública da capital do Amazonas. Com alguns preconceitos e sem querer salvar a educação, mas como um ser portador de um olhar que quer encontrar causas e possibilidades de melhor compreender a importância do ensino escolar para os indivíduos e para a sociedade.
Na condição de egresso de escola pública, será um retorno invadido de lembranças boas e tristes, momentos de conexões e de rupturas com o passado. Escola com ou sem pintura, alunos cansados e alunos dispostos, trabalhos e dedicação que vão além do valor salarial.
Há expectativa de encontrar uma comunidade escolar (docentes, alunos, dirigentes e auxiliares) bem distante do ideal dos livros, das teorias da educação e das políticas públicas comprometidas com a eficiência e qualidade. Existem problemas envolvendo a falta de metodologia moderna; e problemas envolvendo excesso de tecnologia moderna que estão no horizonte escolar hodiernamente.
Existe um possível conflito de gerações. Do mundo real com seus tormentos, felicidades e desesperanças com os conteúdos escolares que nem sempre traduzem o real da vida. Há possibilidade de existência de um conflito entre a teoria e a prática docente. Às vezes, elas somam-se e, em outros momentos, ficam distantes.
Ainda há a linguagem da Filosofia de difícil compreensão, reflexo de um rito academicista. Um obstáculo que pode ser relativizado com interação entre os saberes, entre as ciências e entre as experiências de cada aluno e de cada docente.
O propósito filosófico é não deixar apagar a chama do conhecimento “mantida de século em século” por amantes da sabedoria, como dizia o filósofo inglês Edward Carpenter (1844-1929).
Não é fácil o exercício da docência. Não é apenas uma vocação que requer boa formação e muita prática é, também, uma profissão com erros e acertos. É um contínuo processo de construção diária de saberes.
Para mim, é o início de uma grande conquista profissional e o começo de uma realização pessoal e de um projeto social no qual pretendo efetivar ações depois da formação acadêmica, pois a educação exige um olhar e uma prática coletivos. O tempo dirá.
Sociólogo, Advogado e pós-graduado em Ciência Política.*