Em mil anos de domínio da igreja católica na idade média não há precedente de tanta barbárie cometida.
As formas de tortura não têm similar na história. Em nome de Deus e em nome do rei, a igreja sentenciou centenas de milhares de pessoas ao suplício e à morte. Espanha e Portugal mataram mais de 70 mil e autorizaram a mutilação de quase 300 mil pessoas.
Aqui no Brasil, cerca de 370 novos cristãos foram enviados para o Tribunal do Santo Ofício em Portugal, para lá serem barbarizados e mortos.
Em meio aos perseguidos pela Santa Inquisição: judeus, novos cristãos, protestantes.
Hoje, os protestantes negam a história e são convencidos a promoverem uma nova barbárie de perseguição religiosa.
Não são todos, mas a parte da Teologia do Domínio se põe ao serviço da política, numa tentativa esdrúxula de restaurar a teocracia.
O rebanho evangélico é direcionado para o campo político, em vez de se manter no campo da fé. Não se trata de dominar a política, mas de instaurar o domínio da moral evangélica como uma ordem, suprimindo o Estado moderno.
Trata-se de um projeto de retorno às trevas, com perseguição a tudo e todos considerados fora da sua moral.
Este projeto já está em execução.
Para se ter uma ideia, 17 novos templos evangélicos são abertos no Brasil todos os dias. Já são quase 110 mil igrejas. Aqui no Amazonas, por exemplo, existe uma igreja para cada 68 domicílios. Segundo o censo IBGE 2022, têm mais igrejas do que escolas e casas de saúde juntas, no estado.
Não quero estigmatizar o avanço do pentecostalismo e da sua nova versão no Brasil, mas é preocupante a investida dessa nova vertente para o domínio político, impondo pautas de costumes.
O mundo tem exemplos terríveis de imposição moral a partir de uma leitura política das escrituras. Taí o Estado Islâmico e os países dominados pelo fundamentalismo mulçumano que impõem a Sharia como lei geral.
No Brasil, a imposição religiosa do neopentecostalismo e mesmo de ordens tradicionais sobre a sociedade vem sendo sentida pela ação deletéria contra minorias, contra a cultura e, por consequência, contra a modernidade.
As igrejas evangélicas estão deixando de ser espaço da fé para se tornarem comitês eleitorais e bases de uma nova inquisição. Isto é um risco para a civilização e para a modernidade.
O mundo pós atrocidade da teocracia garantiu liberdade religiosa e hoje esse mundo, no Brasil, corre o risco de ter direitos suprimidos, principalmente o direito à liberdade de crenças, já que o neopentecostalismo ataca outras religiões.
O fundamentalismo religioso é um risco à civilização moderna.
Precisamos garantir a liberdade religiosa e direitos de todos, mas para isso é preciso frear o ímpeto de domínio do novo protestantismo.
Como fazer isso?
Não permita que sua fé vire produto de venda de pastores vagabundos.
Lúcio Carril
Sociólogo