Acordei e ao ler a notícia me senti um vulcão, com lavas escorrendo pela cara, destruindo tudo. O céu ficou cinza pela explosão.
Mas eu não sou uma montanha em erupção. Sou apenas um ser humano a sofrer pela perda de um amigo.
Minhas lágrimas têm poder destruidor, como se fossem líquidos ácidos a corroer minha alma. Escorrem molhando meu peito, justamente onde mora, protegido, meu coração.
Tudo se transforma em dor. Sinto cada lembrança se transformar em desejo. Não o desejo fútil, mas aquele com saudade do abraço que não mais haverá.
Já não tenho mais a força de um vulcão. Sou apenas um jardim dilacerado pela explosão da perda de um amigo.
As lágrimas caem como uma lava de muitas cores. Não sou um vulcão. Sou apenas um ser que chora, como chora a terra em convulsão.
O tempo vai nos ceifando. Cada partida sem volta é como se partisse um pedaço da gente. Vamos resistindo com os pedaços que ficam.
E assim se foi mais um tanto do meu coração. Ele já anda sofrido, reagindo como pode, fazendo da vida um poema aos que se foram e um desejo inesgotável de ficar com os que continuam vivos.
Viver é muito bom, mas têm essas coisas do sofrimento. Da dor da despedida. Do amor que não mais se materializar. E eu nem acredito na metafísica.
Sigo a caminhada, firme, chorando, porque o choro é mais que um ritmo, é um jeito de sobreviver com amor e esperança.
Lúcio Carril
Sociólogo