Retratar aspectos do cotidiano manauara foi a proposta da 1ª edição do Prêmio Jaraqui, criado pela Escola Estadual Professor Jorge Karam Neto, zona leste de Manaus, e reconheceu as melhores curtas-metragens de alunos do Ensino Médio, da unidade de ensino. Nesta terça-feira (14/05), o festival reuniu a comunidade escolar na quadra da unidade para acompanhar a exibição dos trabalhos. Professores e alunos participaram da votação por meio de QR Code.
O evento apresentou 26 curtas nos turnos matutino e vespertino. Além de retratar elementos da cultura amazônica, os vídeos abordaram temas sociais, como bullying, violência contra a mulher e gravidez na adolescência. O projeto foi idealizado pela professora de Química da unidade de ensino, Rebecca Freire de Castro, que também é fotógrafa e trabalha no meio artístico.
“Muitos [alunos] me procuraram com relação a esse conteúdo para abordar o bullying e a violência contra a mulher. Foi uma boa ideia e eu acredito que foi muito importante, porque alguns podem até estar passando por isso e têm vergonha de falar. O filme foi uma oportunidade para eles exporem isso”, disse a professora.
Entre os curtas apresentados, ganhou destaque o ‘Acredita Quem Quiser’, que retratou a lenda do boto, uma história do folclore amazônico, que tenta justificar a gravidez de mulheres solteiras. O trabalho, apresentado por estudantes da 2ª série 1, venceu a categoria de melhor filme pela votação do público, com 57% dos votos, e pela banca, com 28%. A turma também levou a melhor em outras quatro categorias: roteiro, atriz, ator e direção.
A aluna, roteirista do filme, Ana Luiza Garcia, 16, explicou que o trabalho foi inspirado em histórias de ficção e considerou as crenças presentes na região amazônica. “A maior inspiração foi o folclore brasileiro, que é muito diversificado e me interessa cada dia mais descobrir um pouco sobre”, disse a estudante.
Além de atribuir notas curriculares, o trabalho garantiu experiências pessoais e profissionais aos alunos, que puderam exercitar múltiplos talentos. O aluno Keven Douglas Santos, 16, que interpretou o boto, protagonista da história vencedora, revelou a satisfação de ter participado do filme, que serviu como espaço para o primeiro papel dele como ator.
“Foi interessante, eu gostei. Quando o pessoal chegou em mim falando que eu ia interpretar o boto, eu fiquei meio assustado, fiquei com vergonha. Mas, depois eu peguei o costume e tentei dar meu melhor para poder atuar bem. Gostei muito desse começo do filme”, disse Keven.
Trabalho em equipe
Para além da competição, o trabalho proporcionou empatia e comprometimento entre os estudantes, que avaliaram de forma positiva a participação e o envolvimento de todos na produção dos curtas. A estudante Monique Evelen da Cunha, 16, que mostrou o talento na cinegrafia e na edição, destacou a importância do trabalho em equipe.
“Eu levo para a minha vida bastante profissionalismo, porque a nossa sala toda foi muito unida para fazer com que esse resultado chegasse a esse ponto de várias pessoas gostarem”, disse Monique.
Contribuição pedagógica
A diretora da escola, Maura Lúcia Lopes, contou que acolheu o projeto pelo caráter pedagógico e já espera contribuir para a realização de outras edições. “É uma metodologia que atrai os nossos alunos. Percebe-se pela amostragem, pelos vídeos, pelos filmes, que nós estamos apresentando, que os alunos estão apresentando, a qualidade e o conteúdo. É fantástico. Esse é o primeiro e nós teremos muitos outros prêmios”, ressaltou a diretora.