Levando em consideração o grande fluxo de viajantes que chegam a Parintins (a 369 quilômetros de Manaus) e saem de Manaus, para prestigiar o 57º Festival de Parintins, que acontece nos dias 28, 29 e 30 junho naquela cidade, a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf) promoveu, nesta quarta-feira (26/06), ações simultâneas de educação sanitária no porto e aeroporto de Parintins, assim como no porto de Manaus.
Durante as ações, os servidores da autarquia repassaram aos passageiros informações qualificadas sobre as pragas quarentenárias Monilíase e Mosca-da-carambola, que têm a restrição do trânsito de frutos hospedeiros como uma de suas principais medidas de prevenção. Por meio da distribuição de panfletos e folders, os viajantes puderam conhecer as características de ambas as pragas, assim como, os impactos econômicos causados por elas.
Segundo a fiscal agropecuária engenheira agrônoma da Adaf/Parintins, Valéria Ferreira, o fluxo de pessoas foi intenso no porto e aeroporto da Ilha Tupinambarana, o que torna ainda mais necessário o repasse de orientações voltadas à defesa do patrimônio vegetal do Amazonas.
“A gente sabe que as pessoas adoram trazer e levar frutos como presente nas malas. Isso representa um risco nesse momento de festival, por conta do fluxo de viajantes, o que dificulta o controle efetivo da entrada desses frutos na cidade. As vezes em uma sacolinha está sendo transportado um fruto contaminado”, disse.
Valéria destaca que o trabalho realizado junto aos torcedores dos bumbás é de reforço sobre a proibição do transporte de frutos hospedeiros da monilíase, do Amazonas para o Pará, e no caso da mosca-da-carambola, o trânsito de frutos hospedeiros do Pará para o Amazonas.
Ação na capital
Em Manaus, a ação contou com a distribuição de mais de dois mil folders e panfletos pelos servidores da autarquia, que percorreram o roadway, no centro da cidade, conscientizando pedestres e passageiros das embarcações atracadas naquela área. O engenheiro agrônomo da Gerência de Defesa Vegetal (GDV) da Adaf, Acássio Eugênio, destacou que ações de educação sanitária fazem parte do trabalho rotineiro da autarquia, que além de um órgão fiscalizador, também tem função educativa.
“As ações de educação sanitária representam o momento em que a Adaf tem a oportunidade de explicar para a população, de forma didática, os riscos que o patrimônio vegetal corre caso frutos contaminados adentrem o nosso território. Entregamos os materiais informativos e explicamos que a monilíase ameaça, por exemplo, o nosso consumo de chocolate, que tem o cacau como matéria-prima. Informamos também que não há ocorrência da mosca-da-carambola no nosso estado e que depende da sociedade manter esse status”, destacou.
A Adaf reforça que os cidadãos não transportem cacau e cupuaçu do Amazonas para outras unidades da federação, devido à monilíase, nem frutos hospedeiros da mosca-da-carambola cultivados nos estados de Roraima, Amapá e parte do Pará para dentro do Amazonas.
São hospedeiros da mosca-da-carambola frutos como manga, goiaba, acerola, tangerina, caju, pitanga, tomate, laranja, carambola, pimenta-de-cheiro, entre outros.
As pragas
A monilíase, causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é uma praga devastadora que afeta plantas do gênero Theobroma e Herrania, como o cacau (Theobroma cacao L.) e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), causando perdas na produção de frutos, na renda dos agricultores e redução da oferta de cupuaçu e cacau no mercado. No Amazonas, há atualmente focos identificados nos municípios de Tabatinga (distante 1.108 quilômetros da capital), Benjamin Constant (distante 1.121 quilômetros de Manaus) e Atalaia do Norte (distante 1.138 quilômetros de Manaus).
Entre seus sintomas estão o surgimento de manchas escurecidas nos frutos e de um pó branco, os esporos, que podem ser disseminados pelo vento, pela chuva e principalmente pelo ser humano.
A mosca-da-carambola é uma praga que oferece grave risco à economia local e do Brasil. Ela se caracteriza pelo surgimento de larvas, que se alimentam da polpa, e estragam os frutos ainda na planta. Os frutos estragados ao caírem no chão espalham as larvas no solo, formando a pupa (uma espécie de casulo). O ciclo se repete após um período de 30 dias, atacando outras frutas.