A laserterapia tem se mostrado uma importante ferramenta no tratamento das mucosites orais – feridas na boca – de pacientes com câncer da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (Paic/FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), conforme pesquisa desenvolvida no âmbito do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic/FCecon).
Os resultados da pesquisa foram apresentados durante a 13ª Jornada de Iniciação Científica, que começou na terça-feira e prossegue até o dia 12 de agosto. Estão sendo apresentados 65 projetos da edição 2023-2024 do Paic/FCecon, o qual recebe financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Denominado “Avaliação da evolução clínica das mucosites orais tratadas de 2020 a 2022 em um hospital de referência em oncologia do Estado do Amazonas”, a pesquisa analisou o grau das mucosites, a produção de saliva (xerostomia) e as dificuldades para deglutir (disgeusia). Foi realizada uma análise comparativa entre o período de pré-pandemia de Covid-19 (2017 a 2019) e período pandêmico (2020 a 2022).
A pesquisa foi conduzida pelo estudante de Odontologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Tiago Ribeiro Brandão Bueno, orientado pela cirurgiã-dentista, Lia Mizobe Ono, e pelo médico radiooncologista, Leandro Baldino, ambos da unidade hospitalar.
Resultados
Segundo Bueno, no período de 2017 a 2019, foram analisados os prontuários de uma média de 20 pessoas ao ano. Ele disse que se observou que a maioria dos pacientes (90%) que passaram pela quimioterapia e radioterapia metade apresentaram problemas na produção de salivas (52%) e para deglutir (68%).
Quanto ao grau da mucosite, entre o período de 2020 a 2022, o bolsista constatou que 90% dos pacientes analisados apresentaram o grau II, 65% grau I, 20% grau III e 10% grau IV. Outrossim, foi destacado uma melhora significativa do quadro de mucosite desses pacientes após a aplicação de laserterapia, em média 90% dos pacientes analisados realizaram a laserterapia.
De acordo com Bueno, referente ao período de 2020 a 2022, foram avaliados 59 pacientes. “Quando comparado com o período pré-pandêmico, observou-se semelhança com os pacientes quanto ao montante que passou pela quimioterapia (95%), mas diminuiu-se o número que realizou a radioterapia (60%); houve uma diminuição na quantidade de pacientes com problemas de boca seca (40%) e dificuldades de deglutir (25%)”, explicou.
Sobre o grau de mucosites observadas nos pacientes, ele identificou que a maior predominância foi do grau II (18%) e grau I (13%), referente ao período pandêmico.
“Os dados coletados evidenciam que intervenções como a laserterapia de baixa potência e a fotobiomodulação têm sido eficazes no controle da dor da mucosite oral, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes”, frisou.
Mucosites
Reação adversa predominante durante o tratamento de câncer de cabeça e pescoço, sendo caracterizado por um processo inflamatório decorrente do tratamento oncológico, como quimioterapia e radioterapia. A doença causa dores e afeta algumas funções fisiológicas, como a capacidade de engolir e falar.