Estabelecer minilaboratórios de cartografia social no interior do Amazonas visando povos e comunidades tradicionais foi o objetivo da pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), via Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas.
A cartografia diz respeito a representação de uma área específica em um mapa com coordenadas geográficas, que é feita com a ajuda de profissionais de diferentes áreas, em colaboração com integrantes de povos e comunidades tradicionais. Os resultados desta pesquisa buscam a garantia dos direitos dessas comunidades, com a reprodução precisa do lugar em que vivem, fortalecendo as associações que ali existem.
A ideia inicial consistiu na instalação de minilabs na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), campus Parintins (distante a 369 quilômetros da capital) e no campus de Tabatinga (a 1.108 km) e, ainda, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), campus Lábrea (a 702 Km).
Os minilabs de Tabatinga e Parintins funcionam como uma forma de inclusão social das comunidades locais, como já acontece nos trabalhos desenvolvidos nas unidades acadêmicas existentes em Manaus e em Tabatinga, ambas na UEA.
O projeto intitulado ‘Minilaboratórios de cartografia social e técnicas de gestão territorial no Amazonas’ é coordenado por Alfredo Wagner Berno de Almeida, doutor em Antropologia Social e professor da UEA. Ele também é o responsável pelo Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), que conta com a participação de uma ampla rede de profissionais de diferentes áreas de atuação em universidades do Brasil, incentivando a autonomia dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, seringueiros, quebradeiras de coco babaçu, castanheiros, piaçabeiros, dentre outros.
“Esperamos, a partir da implementação destes minilaboratórios, consolidar um lugar social e crítico que propicie o desenvolvimento de pesquisas em institutos de ensino no interior do Amazonas”, pontuou o pesquisador sobre esse trabalho no qual também foram tidos como referência bancos de dados, acervos fotográficos, depoimentos de lideranças, documentos cartoriais, croquis e materiais videográficos.
Ele explica que os resultados não se tratam apenas de informações técnicas, mas também as atividades do projeto são importantes para a garantia de direitos das comunidades envolvidas. Ele acredita que os minilaboratórios de cartografia social têm sido eficientes, especialmente quando implementados em zonas até então não mapeadas oficialmente.
Além do mapeamento social, foram inaugurados pequenos museus, os Centros de Ciências e Saberes (CCSs), como os das comunidades indígenas Kokamae e Karapaña.
“Tal iniciativa fortalece os meios de conservação dos acervos cartográficos e documentais em poder das comunidades, e facilita parcerias com as instituições universitárias”, analisou o pesquisador citando formas de cooperação técnico-científicas firmadas também com instituições acadêmicas internacionais, resultando em publicações como a coletânea “Radical Cartographies-Participatory Mapmaking from Latin America” editada por Bjorn Sletto, Joe Bryan, Carles Hale e o próprio Alfredo Wagner.
No total, já foram produzidas 191 experiências cartográficas publicadas em fascículos, e que estão disponíveis no site do PNCSA (http://novacartografiasocial.com.br/). O material inclui os respectivos mapas, 70 deles em boletins informativos, e ainda 12 cadernos cartográficos, 319 mapas situacionais e 8 mapas-sínteses.
Universal Amazonas
O Programa Universal Amazonas visa fomentar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental.
Portfólio de Pesquisas
Essa e outras pesquisas coordenadas por cientistas que atuam na capital e no interior do Amazonas, com o apoio do Governo do Estado, estão disponíveis no Portfólio de Investimentos e Resultados de Pesquisas do Amazonas – Vol.04, organizado pela Fapeam, sendo um total de 50 estudos já finalizados. Para saber mais acesse o link a seguir: https://www.fapeam.am.gov.br/?p=103596