Sob a presidência do Brasil, o Grupo de Trabalho Anticorrupção do BRICS (ACWG), coordenado pela Controladoria-Geral da União (CGU), avançará em iniciativas estratégicas para contribuir ao fortalecimento das medidas de integridade e anticorrupção no cenário internacional. O combate à corrupção, reconhecido como um obstáculo ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável, ganha ainda mais relevância no contexto da cooperação internacional. A reunião do Grupo acontecerá nos dias 5 e 6 de maio deste ano.
O Brasil é o responsável pela Cúpula do BRICS em 2025. O agrupamento de países é considerado um foro relevante de articulação político-diplomática e, hoje em dia, vai além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. É um espaço de cooperação e concertação dos países do Sul Global com o objetivo de dialogar sobre temas da agenda internacional.
Grupo Anticorrupção
Criado em 2015, o Grupo de Trabalho Anticorrupção (ACWG) do BRICS é um dos principais fóruns do Sul Global para o debate de questões relacionadas à corrupção e recuperação de ativos. Em 2025, sob liderança brasileira, o grupo priorizará três eixos centrais: a relação entre anticorrupção e desenvolvimento sustentável, a efetividade dos mecanismos de recuperação de ativos e o uso da inteligência artificial no combate a práticas ilícitas.
No primeiro eixo, o Brasil impulsionará discussões sobre como medidas de integridade podem promover uma melhor alocação de recursos e reduzir desigualdades. Já na agenda de recuperação de ativos, o grupo buscará aperfeiçoar a cooperação internacional para identificar, rastrear, apreender e repatriar bens desviados, conforme os princípios da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (UNCAC). Por fim, a utilização de inteligência artificial será debatida como ferramenta para aumentar a transparência, aprimorar a prestação de contas e otimizar o monitoramento de irregularidades.
As entregas previstas pela presidência brasileira ao final do ano de trabalho são: um compilado de melhores práticas compartilhadas pelos países do BRICS em ações para a promoção do desenvolvimento sustentável e no uso de inteligência artificial na prevenção de fraudes e no combate à corrupção; um evento paralelo na Conferência dos Estados Partes da UNCAC em Doha, Catar, sobre incentivos ao setor privado na adoção de medidas de integridade; e um seminário sobre cooperação em recuperação de ativos. Essas iniciativas reforçam o compromisso do Brasil com o fortalecimento da governança global e a construção de um ambiente econômico mais íntegro e equitativo.
BRICS
Os BRICS não são um grupo econômico formal — é uma parceria entre cinco das maiores economias emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O grupo, que não incluía a África do Sul e era chamado apenas de BRIC (termo criado por um analista da Goldman Sachs em um artigo sobre economias emergentes em 2001), se reuniu formalmente pela primeira vez às margens da Assembleia Geral da ONU de 2006, em Nova York. A primeira cúpula dos BRICs aconteceu em 2009, na cidade de Ecaterinburgo, na Rússia. Dois anos mais tarde, durante a terceira cúpula, em Sanya (China), a África do Sul passou a fazer parte do bloco.
O diálogo entre os países se dá em três pilares principais: cooperação em política e segurança, cooperação financeira e econômica, e cooperação cultural e pessoal. Cerca de 150 reuniões são realizadas anualmente em torno desses pilares. O principal objetivo do bloco, por meio da cooperação, é alterar o sistema de governança global, com uma reforma de mecanismos como o Conselho de Segurança da ONU, além de introduzir alternativas às instituições como o FMI e o BID para o fomento às economias emergentes, como é o caso do NDB.