No terceiro dia de atividades da 69ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), nesta quarta-feira (12), a agenda de compromissos oficiais da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, contemplou duas reuniões bilaterais, participação em paineis sobre empoderamento de meninas e igualdade de gênero, evento sobre o G20 e reunião de bloco para pactuar o fortalecimento da democracia.
Confira a agenda da delegação brasileira na 69CSW, em Nova Iorque.
Pela manhã, a ministra Cida Gonçalves esteve com a vice-presidenta do Clube de Madri e ex-presidenta do Chile, Michelle Bachelet. A reunião contou ainda com a participação do embaixador Sérgio Danese, representante permanente do Brasil nas Nações Unidas em Nova Iorque. Na oportunidade, foram debatidas possibilidades de parcerias no âmbito da justiça climática e gênero para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas 30 (COP30), que será sediada pelo Brasil em novembro, e pautas relacionadas ao financiamento do desenvolvimento.
O Clube de Madri é o maior fórum mundial de ex-presidentes e ex-primeiros-ministros de países democráticos, que utilizam sua experiência individual e coletiva de liderança e alcance global para fortalecer práticas democráticas inclusivas e melhorar o bem-estar das pessoas ao redor do mundo. É uma organização internacional e sem fins lucrativos, não partidária e conta com mais de 100 membros de mais de 70 países, além de uma rede global de conselheiros e parceiros em todos os setores da sociedade.
O fortalecimento da democracia e da agenda de gênero também foi pauta de reunião com as ministras do Chile, Colômbia, Espanha e Uruguai. A conversa ocorre em um contexto de aproximação dos chefes de Estado deste bloco de países em torno do tema. Em fevereiro deste ano, os cinco presidentes se reuniram por videoconferência, dando seguimento aos compromissos acordados durante a reunião de Alto Nível em Defesa da Democracia: combatendo o extremismo, realizada em setembro de 2024, no âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas. Já as ministras dialogaram sobre como podem trabalhar em conjunto para fortalecer as pautas de gênero no grupo. Também participou da reunião a embaixadora Vanessa Dolce, Alta Representante para Temas de Gênero no Itamaraty.
Igualdade de gênero no G20
A ministra Cida Gonçalves também participou nesta quarta-feira do evento paralelo sobre Reflexão e Análise em Matéria de Igualdade de Gênero no âmbito do G20. Ela fez observações sobre oportunidades apresentadas pelo bloco que foi presidido pelo Brasil em 2024. Entre os destaques estão o compromisso reafirmado pelo empoderamento de mulheres e meninas como ação central para o desenvolvimento global.
“A igualdade de gênero não é apenas um objetivo, mas um compromisso inegociável. Não há crescimento econômico sustentável sem equidade, inclusão e justiça social. A última Declaração de Líderes do G20 marcou um avanço significativo ao consolidar o compromisso dos países com a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas”, enfatizou a ministra brasileira em seu discurso.
Participaram do painel a ministra da Presidência para as Mulheres, Jovens e Pessoas com Deficiência da África do Sul, Sindisiwe Chikunga; da ministra da União para o Desenvolvimento da Mulher e da Criança da Índia, Annapurna Devi; e do secretário de Estado Parlamentar da Alemanha, Ekin Deligöz. A abertura do painel foi feita pela diretora-geral do Departamento de Mulheres, Jovens e Pessoas com Deficiência da África do Sul, Mikateko Maluleke.
Empoderamento de meninas
A líder da delegação brasileira participou ainda do evento paralelo promovido pela União Europeia: “Quem comanda o Mundo? Meninas moldando o futuro do ativismo”. Ela falou sobre a importância da democracia para assegurar os direitos de todas as meninas e jovens, da educação, especialmente em áreas tradicionalmente ocupadas por homens, como exatas e ciências, e sobre o enfrentamento à violência online.
Cida Gonçalves pontuou que o feminismo de meninas e jovens está mudando a forma de se fazer políticas públicas. “As meninas estão moldando um novo discurso feminista. Elas estão trazendo outros elementos para todo o debate feminista e, portanto, traz também novos elementos para a política pública”, disse. Cida Gonçalves destacou ainda que a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que ocorrerá em setembro de 2025 no Brasil, trará políticas específicas para meninas como uma prioridade.
A abertura do painel foi feita pela ministra para a Igualdade da Polônia, Katarzyna Kotula, e pela comissária Europeia para a Igualdade, Preparação e Gestão de Crises, Hadja Lahbib, além da ministra das Mulheres do Brasil. O painel contou com uma momento para troca de experiências e desafios enfrentados compartilhados com jovens ativistas do Timor-Leste, Guiné, Quênia, Filipinas e Romênia. As considerações finais foram mediadas pela diretora-executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous.
Troca de experiências
A agenda contou ainda com uma reunião bilateral com a ministra polonesa, com quem Cida Gonçalves conversou sobre a importância da democracia para avançar nos direitos das meninas e mulheres. “Sem democracia não há direitos humanos, nem direitos das meninas e mulheres”, enfatizou Kotula. A ministra da Igualdade da Polônia falou sobre o cenário do país em relação à igualdade salarial e representatividade de mulheres em espaços de poder, além do enfrentamento à violência doméstica, “um debate que está começando” no país.
A ministra Cida Gonçalves falou sobre as políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil e apresentou a mobilização nacional pelo Feminicídio Zero. A ministra destacou ainda a conquista brasileira com a aprovação da Lei de Igualdade Salarial. As duas ministras concordaram que é preciso unir forças para construir diferentes ferramentas para enfrentar o problema da violência.
Os compromissos do dia foram encerrados com uma reunião ampliada da delegação brasileira.
Eventos paralelos
O Brasil realiza dois eventos paralelos no âmbito da 69ª CSW, na sede da ONU:
- Mulheres na Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no dia 13 de março, das 16h45 às 18h, na sala CR12. As inscrições estão encerradas.
- Misoginia on-line: os desafios para enfrentar o ódio e todas as formas de violência e discriminação contra as mulheres, em 18 de março, das 16h45 às 18h, na sala CR12. As inscrições podem ser feitas neste link até o dia 13 de março às 23h59h.