Após homologação de acordo, DPE-AM acompanha pagamento de R$ 2,5 milhões a 36 famílias do Crespo

Valor foi pago pela rede atacadista Assaí a moradores que tiveram suas casas danificadas pelas obras de uma nova loja do grupo; o acordo mediado pela DPE previa a desocupação do local, uma APP onde a prefeitura construirá uma praça

A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) acompanhou, nesta quinta-feira (18), o pagamento do ressarcimento às 36 famílias do bairro Crespo, Zona Sul de Manaus, que tiveram suas moradias prejudicadas pelas obras de construção de uma nova loja da rede atacadista Assaí. O acordo que resultou no pagamento de R$ 2,5 milhões aos moradores foi mediado pela DPE-AM, por meio da Defensoria Pública Especializada em Atendimento de Interesses Coletivos (DPEIC), e contou com o apoio da Secretaria Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Semhaf).

Segundo o defensor e coordenador da DPEIC, Carlos Almeida Filho, o acordo homologado na 3ª Vara da Fazenda Pública no dia 3 deste mês é uma solução efetiva dos trabalhos realizados pela DPE, evitando judicialização, que demora mais tempo para prover resultados.

“Esse é o resultado típico da atuação da Defensoria da Amazonas, onde a interlocução constante com os interessados na demanda propiciou a concretização desse acordo. Foram mais de 20 reuniões até chegar a uma composição que fosse benéfica aos assistidos da Defensoria Pública.”

Novos rumos
A cozinheira Valdiza Prado foi uma das moradoras que recebeu o ressarcimento para desocupar a área. Residindo no local há 30 anos, Valdiza diz que o momento simboliza uma nova fase para ela e sua família.

“A Defensoria abraçou a nossa causa e, graças a Deus, a gente chegou até aqui para resolver. Sou grata por isso e pelos outros órgãos que também agiram para que tudo se resolvesse. Agora, a gente não vai ficar mais no alagado, porque antigamente a nossa casa alagava, a gente mal dormia, com medo, tinha que carregar móvel, levantar as coisas. Teve um ano em que perdemos todos os nossos móveis por causa disso e agora eu vou para minha casa nova. Creio que daqui para frente, é vida nova, né?”, declarou.

Para dona Josefina Rocha, o momento também significa renovação. A moradora destaca a rapidez da resolução do problema.

“A gente sabe também que esse caso, foi um tanto mais rápido com a atuação da Defensoria Pública. Eu quero agradecer a DPE e toda a equipe que teve paciência com todos os moradores. Meu sentimento de hoje é agradecer e tentar uma vida nova, conseguir a minha casa e agradecer a Deus por tudo ter fluído bem”.

Ocupação e acordo
O trecho em questão, situado à margem de um igarapé, trata-se de uma área de preservação permanente (APP) que foi ocupada irregularmente.

Os valores acordados variam de R$ 70 mil a R$ 120 mil e foram debatidos de modo individual, considerando a particularidade dos casos.

Além do ressarcimento em função dos imóveis danificados pelas obras na área afetada, o acordo prevê ainda o pagamento de dois meses de auxílio aluguel da prefeitura às famílias que efetivamente moravam na localidade.

Para o advogado Marcus Albano, que esteve no local representando a rede atacadista Assaí, o pagamento não deve ser confundido com indenização. Ele também enfatiza que o Município ficará responsável pela desocupação da área de risco, devendo evitar novas ocupações irregulares no local, onde deverá ser construída uma praça.

“É bom destacar que isto aqui não é uma indenização, até porque como aqui é uma área pública, não podemos indenizar. O acordo que fizemos consistiu em comprarmos aquilo que as pessoas construíram acima do terreno público, pagamos o preço que ficou definido entre as partes, eles puderam retirar, inclusive, o que acharem necessário, como janelas, telhados, portas, madeiras”, disse Albano.

“A partir do momento da entrega do cheque, em tese, passaria a ser titularidade do Assaí. Só que, pelo acordo, devolvemos a titularidade ao Município para que ela faça demolição necessária e, no futuro, conforme está no acordo, faça uma urbanização da área para benefício da própria comunidade”, concluiu.

By Portal Arrasta pra cima

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